Esta é uma análise de porque a Morte Verde está invadindo um lugar tão maravilhoso. E também dos potenciais de renovação que trazem estes tempos de mudanças para os habitantes de Alto Paraíso.
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Veado campeiro do Cerrado perdido em meio à invasão da soja |
Aprendi algumas coisas importantes em minhas vivências nesta
cidade, com destaque para a valorização dela própria como lugar de convívio, cercada
por belíssimos entornos naturais.
Em função das restruturações das últimas
décadas, a cidade comporta um bom nível intelectual, oferece várias opções
espirituais e é bem procurada pelo turista cultural e ambiental.
Atualmente podemos entrever um novo florescimento do local,
que se reflete na diversidade dos negócios e dos grupos, na boa movimentação da
feira e na união da sociedade alternativa na defesa dos seus interesses.
Contudo –e como aconteceu com tantas pessoas que vieram para esta região-, os meus “projetos pessoais” também foram alterados pela experiência local...
O Projeto-Exodus propunha criar
redes-de-comunidades-alternativas, dando supostamente uma dimensão mais social
ao tema. Porém, após um par-de-anos de experiência dificultosas, aquela ênfase
romântica inicial na “vida comunitária rural” terminou sendo absorvida pelo
contexto da própria cidade.
Era como se a energia de um novo local ou tempo se
apoderasse dos nossos pequenos sonhos e dissesse: “-Vamos lá, vocês podem
mais!” Claro, as comunidades rurais são
apenas um contraste com o Velho Mundo, algo com que sonhamos em função de nossas
experiências urbanas massificadas e seus desafios de expressão. O Novo, porém, exige sínteses!
Assim, a vida rural não seria -obviamente- abandonada de
todo, porém a existência urbana também adquiriu novos sentidos - inclusive “comunitários”...
E a opção foi considerar ambas as experiências como positivas, a fim de ampliar
consideravelmente os intercâmbios.
Porém, tudo isto pode começar a mudar agora, com a invasão
do agronegócio voraz e rapace. Talvez o futuro reserve ao altoparaisense uma
demanda de reconstrução ambiental -é impressionante a velocidade como as coisas
ali viram ruinas –e mitos! Porém esta, é a condição do mundo atual, que exige
celeridade nas decisões.
O problema começou há pouco anos, quando os ruralistas
locais conseguiram reverter a leis que protegia áreas acima de 1.200 metros,
deixando assim todo o bioma-Cerrado do país à “sua disposição”! Uma das formas
para atenuar o problema, seria os ambientalistas adquirir terras com urgência
na Chapada para transformar em RPPN.
É sempre muito bom herdar um paraíso, mas parece que apenas
lhe damos o valor que merece quando começamos a perdê-lo...
A construção das
Pontes
Fala-se que Alto Paraíso gera um esquecimento nas pessoas
–elas esqueceriam as razões pelas quais vieram para cá!
Isto em parte é verdade, afinal não é difícil cair na
tentação de fazer deste local uma bela oportunidade para o carpe diem –“aproveite o momento”.
A ilusão da proteção ambiental embalava ainda mais esta
“acomodação”, situação muito distinta das cidades grandes que nos inspiram a
criar projetos alternativos.
Por outro lado, existem as mudanças que o próprio ambiente de
Alto Paraíso cria nas pessoas, ao oferecer uma diversidade de encontros
pessoais e de opções culturais.
Particularmente, este fato apenas modificou a estrutura dos
meus projetos, onde às redes-de-comunidades passamos a incluir também
redes-de-cidades-alternativas, que poderiam em alguns casos nascer das próprias
comunidades ou ecovilas. Isto não significa considerar Alto Paraíso como algum
modelo mais avançado de algo assim, mas apenas um “sinal” inspirador nesta
direção.
Apenas as cidades podem realmente conter um impacto social
em nossos tempos. Talvez isso já não possa ser reproduzido em maior escala
dentro da própria Chapada, mas os arredores ainda podem oferecer boas condições
para alguns núcleos desta natureza.
A atração pela área urbana se deve muito, pois, à
oportunidade de escapar ao isolamento nas terras, algo que há muito realmente
me fastidiou.
Na minha avaliação, contudo, ainda repetimos muito dentro da
própria cidade os erros cometidos nas comunidades alternativas. Ou seja, o erro
do isolamento, inclusive cultural através dos hermetismos praticados, além é
claro de um excesso de anarquismo que prejudica as interações sociais.
Trata-se, enfim, do erro do individualismo excessivo e,
quiçá, da própria inapetência social, outro trauma trazido dos grandes centros
urbanos. Porém, tocaria buscar um aprendizado da necessária diversidade social
e cultural, reduzindo as diferenças sem pretender eliminá-las. Dinamismo social é o caminho certo, um
equilíbrio entre o estancamento das castas e a utopia da completa eliminação
das classes.
Os alternativos e os esotéricos se orgulham comumente de não
crer num messias, e de conduzir a sua própria “luz”. E no entanto, a
dependência das drogas & assemelhados é quase geral; além do que, não são poucos que
devotam uma crença quase religiosa nas “naves”, como salvação para alguma coisa
nem sempre bem definida.
Estes fatos –além de outros hábitos realmente nocivos
trazidos pelos “chegantes”- criou uma cisão na cidade, a qual está praticamente
dividida ao meio, por assim dizer. Há bairros onde o predomínio de grupos
–nativo ou alternativo- é gritante.
Aquilo que falta é a criação de um campo comum de relações -afinal, vê-se que as pessoas não são assim tão
diferentes, como às vezes elas querem crer.
Pratica-se isto em algumas frentes, porém a tendência é de haver castas. Muitos alternativos se orgulham em poder oferecer “trabalho” para os nativos, apesar
das relações culturais se manter mutuamente distantes...
Enfim, este não é ainda o padrão de uma nova sociedade, e a
responsabilidade está com todos. Porém, aqueles que se consideram mais
instruídos deveriam buscar construir estas pontes.
Acreditamos que se deveria achar um meio-caminho entre o
esoterismo e a religião, assim como tecer uma ponte entre o ambientalismo e a
espiritualidade em geral, incluindo a religião como forma de culto popular.
A valorização do franciscanismo como uma forma mais moderna
e adequada de religião –mais ambientalista e mais imanentista-, poderia ser positiva
neste contexto, visando apurar novos consensos, já que atende os interesses
comuns aos diversos grupos que habitam a cidade.
Os mais radicais costumam torcer o nariz para a religião,
contudo existem ali aspectos espirituais que não passam necessariamente pelos
ofícios e dogmas religiosos. A prática da humildade e do despojamento,
auxiliaria o ingresso no caminho espiritual seguro, evitando as tentações
trazidas pelos atalhos artificiais. E acima de tudo o exemplo de amor e de
serviço de Francisco seria resgatado e, através dele, os dons da comunidade da
vida.
Com o tempo, podemos ensaiar alguns passos no
“franciscanismo cósmico” –que alguns poderiam preferir designar por
Kuthumismo-, ou até num xamanismo cósmico, embora neste caso o uso das
plantas-de-poder deva ser regulado a fim de proporcionar efeitos espirituais
verdadeiros, para além da simples “experiência consciencial” individualista.
"As águas subirão"
No mais, seguiremos com as propostas do Projeto-Exodus,
agora que a ideia do êxodo urbano -que pregamos há dez anos (desde 2005 quando
viemos para Alto Paraíso em ônibus fretado)- começa a fazer parte das notícias dos jornais, devido à “crise
hídrica” que assola as cidades grandes em especial, e que na realidade representa muito mais que “crise” e sim
colapso final e irreversível.
Com isto, voltamos a repetir que as “águas” que chegarão não
será o próprio elemento água, e sim as multidões humanas (desde há muito
simbolizadas por este elemento) em busca de refúgio e salvação. São “águas” humanas
–ou um “mar de gente”, como unicamente poderia ser. Ou, como também se diz por
aí, ”o sertão vai virar mar”. E agora chegou realmente a hora.
A perda ambiental do refúgio chapadenho não é diferente das perdas no
planeta inteiro que estamos começando a padecer, podendo servir de elemento conscientizador
para esse processo maior. Sabemos que crises são também situações para fomentar
oportunidades.
Na ápoca de nossa chegada à cidade, o Projeto também
visava reconduzir as pessoas para as comunidades semi-abandonadas pela débacle pós-2000 de Alto Paraiso.
Todavia, a população alternativa ainda estava reduzida e desmotivada, e um dos
recursos para reverter isto foi preparar a cidade para a profecia maia de 2012.
A data realmente atraiu interesses para o local e houve migrações de grupos e
de pessoas em torno dela, incluindo muitos investimentos novos na cidade, que seguem acontecendo.
Ao contrário do ano 2000 (quando prevaleceu as supostas
visões de Nostradamus, que hoje também estão sendo revistas), a “decepção” ante
as falsas expectativas nas profecias não provocou maior desmobilização, porque
o enfoque da mudança já não era assim tão material –ao menos dentro da própria
cidade, embora alguns até tenham construído “refúgios
para-o-fim-do-mundo-caso-aconteça”-, sendo antes visto como um “simples” portal-de-tempo...
Em nosso “O Livro dos Portais” (IBRASA, SP) tratamos destes
ciclos de 12 anos, de modo que o próximo “pico” de expectativas deve culminar
em torno de 2024. Uma das bases para isto seriam os ciclos hindus, uma vez que
o começo da era árya se celebra 12 anos depois da data maia, a saber:
3112 a.C.: ascensão de Nanahuantzin, Concílio de Teotihuakan
e começo da Quinta Era solar.
3102 a.C.: ascensão de Krishna, Começo do Kali Yuga e da
Quinta Raça-raiz (árya)
Na prática, os conteúdos de ambas as datas são análogos, porém
a cultura hindu possui maior ascendência histórica. Da mesma forma como se
“preparou” o 2012 através da profecia maia, também se poderá preparar o 2024
através dos ciclos hindus e seus fundamentos (sociais, espirituais, etc.), sobretudo
a partir de 2018 (metade do ciclo).
Afinal, no Hinduísmo existem calendários semelhantes reservados dentro das escolas brahmanistas, devotadas ao tema da “civilização” e menos conhecidas no Ocidente do que outras correntes hinduístas.
Afinal, no Hinduísmo existem calendários semelhantes reservados dentro das escolas brahmanistas, devotadas ao tema da “civilização” e menos conhecidas no Ocidente do que outras correntes hinduístas.
Uma das fontes de difusão deste conhecimento é a Escola de
Raja Yoga dos Brahma Kumaris (“Filhos de Brahma”, o deus Criador).* A Raja Yoga
(“Ioga Real”) é não apenas a ioga tradicionalmente afeita aos kshatryas ou guerreiros que definem a
classe/cultura por excelência desta era “racial” do mundo, como também seria a
ioga “mais verdadeira” dentro das metas deste ciclo de evolução.
Socialmente, o brahmanismo é complexo mas se destaca pela
estruturação social e espiritual da sociedade “védica”. Esta estrutura é dupla,
relacionando educação (ashrama) e
vocação (varna) e fazendo da própria
sociedade e suas instituições (escola, família, política e espiritualidade) uma
grande escola-de-iniciação através da promoção de metas-de-excelência dentro
destas instituições (orientada assim por especialistas experientes), promovendo
destarte a iniciação coletiva que caracteriza os verdadeiros movimentos
“raciais” (as chamadas “raças-raízes” das “civilizações”).
Com o tempo, no entanto, tal coisa se perverteu através da
adoção das castas-de-nascimento (jati),
tornando a base educacional quase um simples adereço. Afinal, soa bastante
desafiador para alguns acatar tais metas igualitárias dentro de uma cultura
miscigenada, e há quem diga que foram as próprias invasões áryas as grandes
responsáveis pelas modificações do sistema social védico. **
O resgate destas bases culturais dinâmicas é, porém,
fundamental para a retomada da evolução cultural humana.
Agora porém, com o colapso das grandes cidades, o nefando represamento
social urbano também se rompe. A depender do caráter dos grupos, as pessoas
poderão decidir ir para áreas que julgam mais adequadas, inspiradas por
distintas motivações; tais como:
a. ambientes socialmente receptivos ou convidativos,
Naturalmente, pode haver combinações entre estes distintos “alvos”. O primeiro deles possui maior caráter de inovação, e pode ser buscado naturalmente entre pessoas de mentalidades afins, assim como por iniciativa de pessoas de boa-vontade. Nisto, é possível que as comunidades ou eco-vilas recebam um novo reforço social com este êxodo mais ou menos forçado das grandes cidades, coisa aguardada há tempos, mas que sempre encontra barreiras culturais de parte a parte.
a. ambientes socialmente receptivos ou convidativos,
b. áreas particularmente férteis e produtivas,
c. sítios e fazendas considerados sem função social.
Naturalmente, pode haver combinações entre estes distintos “alvos”. O primeiro deles possui maior caráter de inovação, e pode ser buscado naturalmente entre pessoas de mentalidades afins, assim como por iniciativa de pessoas de boa-vontade. Nisto, é possível que as comunidades ou eco-vilas recebam um novo reforço social com este êxodo mais ou menos forçado das grandes cidades, coisa aguardada há tempos, mas que sempre encontra barreiras culturais de parte a parte.
O desafio da recepção calorosa das multidões errantes por
parte daqueles que tem capacidade de recebê-las, é que poderá fazer ainda
alguma diferença para a preservação ambiental de Alto Paraíso, engrossando e
diversificando o caldo dos chegantes –e nisto não há tempo a perder, porque já começou
a corrida pela ocupação destrutiva total da região. Pois desta vez, não será o nativo humilde que
receberá “de costas” o alternativo “chegante”, e sim o alternativo ambientado é
que receberá o humilde chegante, potencializando assim a diversidade social de
que carecem “tradicionalmente” as propostas alternativas.
Uma das bases disto será a oferta generosa de condições de
trabalho e até de moradia. O alternativo de posses pode reservar uma parte de
sua fazenda para criar uma vila rural, com escola e centro de saúde, além de
roças, hortas e pomares de uso comum, reeducando assim a pessoa na terra e
também na vida comunitária.
Estes alternativos deveriam começar já este trabalho,
evitando assim maiores impactos e atropelamentos futuros. Mas de certa forma isto
até já começou, com a chegada dos novos grupos sociais à Chapada, embora em
número relativamente reduzido.
Os estrangeiros que tem comprado terras na região –eles que
tem mais condições de adquirir estas terras inflacionadas-, também devem ser
chamados para esta tarefa e para auxiliar a compor tal “oportunidade histórica”,
lembrando que o nosso país é basicamente eclético e inovador, peses as suas
instâncias conservadoras.
Será possível reunir assim um tríplice perfil, em relação aos
novos movimentos sociais de característica migracional –e o interior do Brasil
é um lugar “destinado” a este tipo de atividades sociais-, a saber:
a. alternativos nacionais ambientados,
b. alternativos estrangeiros ambientados,
c. povo humilde envolvido com a cultura alternativa.
Adiante veremos que nisto tudo pode entrar a participação
dos movimentos-em-terra, além do aporte de setores da Igreja mais afins.
Marcos do
Destino?
À primeira vista, a chegada de milhares de pessoas pode causar um
impacto ambiental na região, mas aí é que entra a capacidade das pessoas em contornar os
desafios, coisa que a cultura alternativa tem aprendido muito, e para o quê a
cultura nativa também traz aportes significativos.
Entrevemos que os espíritas e até os evangélicos poderão se
sair bem nisto tudo. Mas seria muito bom
que os esotéricos e os alternativos também soubessem receber estas pessoas para
se prover as sínteses culturais necessárias e, quem sabe, poder finalmente fortalecer as
suas próprias causas.
Esta será uma oportunidade-de-ouro para os
esotéricos/alternativos superar os próprios preconceitos e comodismos e avançar
para novas sínteses intelectuais e pragmáticas, emergindo como forças
históricas realmente criativas e consolidadas, com peso também social além de
cultural, capaz de mover a Roda do Destino.
Devemos lembrar então que muitos de nós subimos o Planalto
Central movidos por alguma verve profética. Cabe pois sacudir a poeira-de-esquecimento
e recordar as nossas verdadeiras origens, a fim de retomar o curso criativo das
coisas. Sempre soubemos que a crise viria e que “as águas subiriam” –somos
filhos deste tempo de mudanças, e devemos aprender a surfar esta onda. A
História agora nos chama para cumprir o nosso verdadeiro papel!
Com isto parte das fazendas poderão logo virar vilas –inclinadas
quiçá pelas ideologias das pessoas receptivas-, e um dia até compor bairros de
Alto Paraíso. O esotérico/alternativo receptivo não deve porém ter ânsia de exigir
dos chegantes que batem à sua porta, que se tornem vegetarianos ou façam
meditação “de uma hora para outra”.
Não podem fantasiar que o homem simples seja capaz de
assimilar os seus conhecimentos esotéricos rapidamente, em compensação deve perceber que o
chegante humilde podem auxiliar de muitas outras formas, fazendo coisas que os
místicos isolados ou por sua formação não conseguem fazer, especialmente na
parte do trabalho físico.
Que sejam por isto sábios e pacientes, pedindo sobretudo que os pais permitam aos seus filhos o acesso à novas informações e experiências, investindo assim na transformação gradativa das coisas e sem a falsa-utopia da eliminação política imediata das classes, porém sim de maneira gradual através da cultura.
Que sejam por isto sábios e pacientes, pedindo sobretudo que os pais permitam aos seus filhos o acesso à novas informações e experiências, investindo assim na transformação gradativa das coisas e sem a falsa-utopia da eliminação política imediata das classes, porém sim de maneira gradual através da cultura.
Isto representará um aprendizado para estas pessoas,
geralmente habituadas à uma autosuficiência exagerada nas suas ideias ou
modos-de-vida.
Isto representará um aprendizado para estas pessoas alternativas, geralmente habituadas à uma auto-suficiência exagerada nas suas ideias ou modos-de-vida (até por sua não raro formação como elites sociais), que as leva apenas ao isolamento e à inevitáveis contradições como é a manutenção das relações capitalistas de trabalho.
Isto representará um aprendizado para estas pessoas alternativas, geralmente habituadas à uma auto-suficiência exagerada nas suas ideias ou modos-de-vida (até por sua não raro formação como elites sociais), que as leva apenas ao isolamento e à inevitáveis contradições como é a manutenção das relações capitalistas de trabalho.
Vivemos numa sociedade-de-massas, e mesmo não querendo uma
completa massificação, devemos contar com um contingente mínimo de
simpatizantes e aderentes, para conseguir fazer mover o fiel-de-balança a nosso
favor. Uma das vantagens de atuar em novas regiões do país, é que ali se pode
alcançar maiores conquistas com grupos menores. Os políticos são sensíveis à
presença do povo, até pela questão eleitoral. Ademais, fica mais fácil assim
eleger candidatos representativos.
E este aprendizado poderá vir na verdade por bem ou por mal,
porque se elas não “facilitarem” as coisas sendo flexíveis, poderão se tornar
vítima de invasões compulsórias onde já pouco controle poderão exercer sobre as
coisas.
Muito mais sábio portanto será abrir as suas portas e até realizar
convites especiais para estas populações desnorteadas, cujo destino seria mesmo
muitas vezes a região Centro-Oeste do país –como era o rumo das coisas e para o
qual se criou Brasília-, caso as políticas sociais da nação desde a Ditadura de
64 não tivessem concentrado os investimentos econômicos de tal forma na região
Sudeste, o que vale falar da grande burguesia nacional.
Goiás também está mais perto do Sudeste que outras áreas
internas do país, sendo um estado já bastante organizado, ademais de comportar
um passado conhecido por suas lutas sociais nacionalistas e campesinas.
Assim, as migrações para o Centro-Oeste devem sem consideradas um rumo natural para a sociedade nacional, afinal se trata ainda de uma das regiões menos povoadas do país, ademais de ser ampla e deter muitos recursos.
O direcionamento consciente para esta região central, será
muito melhor do que permitir que as massas se voltem prematuramente para a
Amazônia, cujo impacto ambiental seria muito mais grave e mais difícil de
controlar. A cultura alternativa socializada poderá até preparar o terreno par
que isto aconteça oportunamente, de uma forma social e economicamente
produtiva.
Obviamente as causas políticas explicariam muita coisa sobre
todas estas crises ambientais, centralizadas quiçá nos fatos da Guerra Fria e
nas Ditaduras que abalaram as estruturas político-econômicas das nações legando
sociedades desmobilizadas e alienadas. Porém, de pouco adianta meramente culpar
os opressores colocando-nos como vítimas tuteladas, quando no fundo tudo isto
pode trazer embutida a mensagem da necessidade da organização de novas forças
sociais e culturais emergente.
Uma Nova Sinarquia
Se poderá buscar um acordo com as ordens franciscanas (muitos
monges são até vegetarianos) para auxiliar nisto tudo. É melhor que as pessoas
tenham esta opção do que sejam cooptadas pelo luteranismo transcendentalista e
sem vocação ambiental, como seria uma tendência. Lutero veio apenas porque a
Igreja não soube fazer a sua “lição-de-casa” quando da chegada de São Francisco
alguns séculos antes.
Cientes também que as pessoas que chegarão da Grande
Devastação urbana, estarão receptivas para refletir sobre uma espiritualidade
mais ambientalista –e até mesmo mais imanentista. A presença do Papa franciscano-jesuíta
atual pode eventualmente favorecer estas iniciativas, pois a Igreja busca novas
canais de expressão.
Franciscanos e jesuítas foram ordens espirituais nascidas da
aristocracia guerreira medieval, detendo assim um pragmatismo que se coaduna
com o momento atual de construção do Novo Mundo (sul-americano), quando o
Nacionalismo social ainda apossui uma função ativa, devendo porém atuar
doravante de forma ambientalista e mais espiritualizada.
Tais ordens foram as forças espirituais originais
colonizadoras do Novo Mundo, porque tinham interesse especial na formação de
uma nova humanidade, além de criar uma Igreja mais voltada para o futuro. Os
jesuítas chegaram a ser proscritos das Américas por apoiar os índios em guerras
contra os interesses europeus.
É hora das forças realmente interessadas num
novo mundo e tempo se reunirem. Os franciscanos possuem no seu currículo –juntamente com os
jesuítas, os quais possuem propensões holísticas- a capacidade de organizar
reduções (ou “missões”) com os indígenas. A ideia pode ser aproveitada no caso
atual. Nas reduções jesuítas havia duas lideranças espirituais, uma propriamente
religiosa –que pode ficar a cargo dos franciscanos (doravante em conjunto com os esotéricos talvez)- e outra mais intelectual –que
pode ser protagonizada pelos próprios esotéricos/alternativos.
Havia também nas reduções uma liderança política
tradicional, formada pelos caciques das tribos, que ajudavam a organizar as
sociedades reduzidas e liderar no caso das guerras. Quem sabe aqui pode atuar
também as lideranças-sem-terra (em conjunto com os alternativos talvez), habituadas
a situações desta natureza, favorecendo na organização da produção e do
trabalho físico.
Forma-se assim um tripé nas alianças sinárquicas por uma
nova sociedade, nestes termos:
a. Ciência Holística: alternativos/esotéricos
b. Filosofia/Religião: fraciscanos/ esotéricos
c. Economia Ambiental: sem-terras/alternativos
A Sinarquia é o “governo conjunto” da Idade de Ouro segundo Saint
Yves d’Alveydre, e as novas comunidades poderão assim servir de laboratórios
para as sínteses futuras.
Assim, o povo que hoje atua sem opção dentro do sistema
fazendo parte da destruição, pode chegar a se tornar parte da solução caso
venha a ser reorientado para novos caminhos.
Arrependido das ilusões da cidade, o povo estará em busca de
locais para plantar. Os alternativos poderão ensinar técnicas orgânicas e
permaculturais para muita gente. Ademais, as pressões sobre as terras poderão
ser atenuadas através da criação de novas cidades, como é a nossa proposta
social imediata.
Que as pessoas virão, disto não há dúvidas. Goiás já é o
maio palco de migração social da atualidade, dada a oportunidade de empregos
que oferece. A questão é apenas a forma como estas pessoas chegarão, se mais ou
se menos ordenada, já que agora começarão a chegar em massa...
Com isto talvez elas não respeitem nadam, premidas pela
necessidade e sem ter nada a perder. Pequenas cidades como as da Chapada
estariam totalmente vulneráveis a invasões desta natureza, sob um possível
estado de convulsão social nas grandes cidades.
Se os alternativos forem capazes de trabalhar de forma
organizada e sistemática, direcionando este novo êxodo como cabe, eles serão
capazes de reverter os seus próprios problemas e o das populações migrantes com
vantagens.
Não convém deixar muitas terras paradas, como é a tendência
dos especuladores e dos ambientalistas mais radicais. A ocupação consciente e
sustentável é sempre o melhor investimento.
Os próprios representantes do agronegócio que forem
espertos, poderão decidir redirecionar os seus investimentos para atuações mais
sociais e ambientais.
Que se tenha para isto os novos chegantes como presentes do
destino, e não como ônus, intuindo que foi para isto realmente que temos sido
conduzidos até este local: preparar as bases de uma nova sociedade! Assim
aprenderemos a fazer história.
E concluímos pois
esta matéria com uma mensagem-profecia.
Não despertem os
dragões! ***
Por sua
cobiça sem fim atingir até os territórios Mais Sagrados
e mexer no
que jamais pode ser tocado, perderão até o que possuíam
- pois a queda
final dos usurpadores já está armada pelo Tempo!
Como a
serpente voraz que morde a própria cauda,
se
arrependerão por despertar o dragão adormecido -
não diziam os
chineses ser as cachoeiras o lar dos dragões?
Águas
furiosas devastarão seus investimentos pútridos
Lavando para
sempre a Morte Vã que trouxeram os ímpios.
E um novo dia
surgirá para os filhos da Agartha Eterna.
* Embora esta escola apresente (na atualidade) ênfase no
cômputo “redondo” de 5 mil anos (dividido nas quatro Yugas ou Idades), também oferece a ideia da “transição” de 200 anos
(chamada “Idade do Diamante”) tornando na prática o seu ciclo equiparável ao de
5,2 mil anos maias-nahuas. Os Antigos tinham o hábito desta dupla-consideração
visando harmonizar o “ideal” e o “real”, e onde se considerava como “período de
transição” ao “excedente” astronômico da conta astrológica “exata”. Astronomicamente
falando, o cálculo exato abrange a “transição”, na qual sucede uma intensa combinação
das energias astrológicas do passado e do futuro –é a chamada “Idade do
Diamante” da transformação. E há também calendários onde as cinco Idades
possuem cômputos simétricos de mil anos (mais exatamente, 1040 anos) cada uma.
** Como toda escola de pensamento político-social, o
Brahmanismo possui os seus adversários ferrenhos, e os templos dedicados a
Brahma foram quase totalmente banidos da Índia. O Brahmanismo foi estigmatizado
por duas razões. Inicialmente quando estava “puro”, era perseguido pelos
poderosos que não desejavam o dinamismo social; e depois que o sistema se
corrompeu (por obra destes mesmos detratores), passou a ser criticado pelos
mais pobres e pelos filósofos “puristas”. O Buda criticou apenas as suas
deformações e não as castas em si.
***
Advertências do Ancião dos Dias aos profanadores da Agartha. De “O Livro das
Anunciações”, Ed. Kronos.
Para saber mais: “A Chapada se prepara para receber os refugiados do clima”
Luís A. W. Salvi é escritor holístico, autor de cerca de 150 obras sobre a transição planetária.
Editorial Agartha: www.agartha.com.br
Contatos: webersalvi@yahoo.combr, Fone (51) 9861-5178
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