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Shambhala, a Invisível

“Existem cidades sutis em Shamballa?”, pergunta-se. O próprio conceito de Shambhala é sutil, "inacessível ao despreparados" segundo os mais importantes informantes. Com efeito “invisível”, “inacessível” e “inconquistável” são atributos comumente emprestados à Shambhala.

Vejamos pois o seguinte. A “cidade” representa o grande modelo cultural aryo, cuja presença nos mitos e profecias é recorrente. E a natureza da cultura arya é aristocrática e não “meramente” religiosa, relativa assim à uma ordem social. Todo verdadeiro nobre de espírito está interessado em exaltar a dignidade humana em si e no outro, e na verdade mal vê diferença entre si mesmo e o próximo. De alguma forma ele já incorporou  os valores sociais da religião seja por auto-cultivo ou por carma positivo acumulado de outras vidas. Quantas pessoas porém podemos contar que apresentam este comportamento?! Tais indivíduos são acaso valorizadas em nossa sociedade? Alguém pensa em dar poder para as criaturas realmente generosas neste mundo? Talvez elas nem o procurem, como seria natural, mas isto não significa que não o mereçam. E se acaso aspirassem pelo poder dificilmente teriam verdadeiro sucesso em seus propósitos.

Shambhala significa dizer ademais que o verdadeiro coração da cidade não é o templo e sim o Palácio, que representa uma instância de poder. No entanto o poder em questão é acima de tudo espiritual, expresso por exemplo nas palavras “o nosso poder é sacrifício” do Mestre Morya, do Primeiro Raio descrito como “Vontade-e-Poder”, segundo a porta-voz Helena Roerich. Jesus profere algo semelhante ao dizer que “o melhor dentre vós será o maior servidor”.

Ao falar de um poder sutil estamos nos referindo à iniciação espiritual, diferente da mística comum. Tal coisa demanda o universo da meditação acima da devoção, e do conhecimento acima da crença. O chakra da terceira iniciação associada à nobreza espiritual é Manipura ou “Cidade das Jóias”, a jóia da mente iluminada. E com isto já chegamos no coração do nosso problema.

Na obra “O Caminho para Shambhala” escrita no século XVIII pelo Sexto Panchen Lama, Shambhala é descrita de três formas: um local físico, um mito geográfico e um caminho espiritual. Ora, quantos há que realmente valorizam as coisas da iniciação?! Muito se fala e reveste o assunto de pompa e circunstância, solenidades e palavras altissonantes. Porém na prática raros se dedicam à questão com verdadeira ciência de causa. Com efeito mesmo entre aqueles que meditam os verdadeiros conhecimentos das técnicas e dos objetivos são apenas medianos e insuficientes para se alcançar a verdadeira liberação da consciência (moksha), que dizer então do Nirvana, a iluminação real?! 

Ademais o mesmo podemos dizer em relação aos grandes Mensageiros da iniciação espiritual, pertencentes a um mundo paralelo a este, inclusive restritos amiúde em sua expressão física em função das elevadas provações a que se encontram sujeitos, manejando tempos e energias do alto das suas Câmaras de Iniciação ou Merkabahs. “Ali onde estão os Mestres, ali também estará Agartha”, escreveu Serge Raynaud de La Ferrière. Agartha é um sinônimo ou uma “sucursal” de Shambhala.


“A Canção de Shambhala”, por Nicholas Roerich

Comumente acusado de pretender criar uma nova monarquia e até tentado a fazê-lo, Jesus precisou declarar “alto e bom som” que “o meu reino não é deste mundo”. Tudo o que diz respeito à Sociologia do Sagrado está uma oitava acima, desde as suas estratégias até os seus objetivos. Jesus de fato colocou em ação algumas destas metodologias, tal como Moisés também o fizera antes, assim como o Buda e todos os outros grandes profetas.

Nesta altura alguém poderia com justiça contestar indagando; “-Ora mas com isto parece que estamos falando é de religião e não de política.” Ao que respondemos: “É verdade, mas não apenas isto.” Como a cultura é cumulativa a religião -e como bem professam os perenialistas- também está dentro da iniciação. Porém a verdadeira iniciação está intimamente ligada a uma reforma no modus vivendi tendo em vista a mudança de qualidade não apenas da consciência como também da energia. E então perguntamos novamente: “-Quantos estão preparados também para dar este passo?” Não estamos falando de retiros de finais-de-semana e nem de uma aposentadoria espiritualizada, e sim de priorizar seriamente a vida espiritual e a ela consagrar-se. 

Acontece que uma Sociedade perfeita representa apenas uma espécie de socialização dos caminhos individuais da iniciação. Esta contudo tampouco se limita somente à vida monástica, a qual serve apenas de base para a libertação da consciência e uma atuação espiritualmente desimpedida no mundo, por assim dizer. Esta é pois uma das grandes conquistas dos Caminhos de Shambhala, que é o auto-empoderamento. 

E com isto listamos pelo menos quatro realidades intimamente ligadas à Shambhala nas formas da postura social, das práticas espirituais, dos Modelos viventes e do estilo de vida. Todas elas certamente refinadas e seletivas. Mas aquele que porventura tiver sucesso em avançar nestes caminhos certamente ouvirá a seu tempo os eloquentes Sinais de Shambhala.


* Sobre o Autor:

Luís A. W. Salvi é estudioso da Teosofia e dos Mistérios Antigos há mais de 40 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo tradicionais, publicou a Revista Órion de Ciência Astrológica pela FEEU e dezenas de obras pelo Editorial Agartha. Nos últimos doze anos vem direcionando os seus conhecimentos para a Teosofia, realizando uma exegese ampla da Doutrina Secreta e também das Estâncias de Dzyan.

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