Quem ama verdadeiramente, age e salva. Lutar por amor é mais que um direito, é um dever da boa consciência. As guerras não são movidas apenas pelo ódio e a opressão, mas também pelo cuidado pelas coisas, pela defesa do direito e daquilo que se ama.
Todos os sistemas sociais hoje defendidos, mesmo aqueles mais singelos e naturais, foram criados e preservados através da luta. Se existe vida hoje no planeta, é porque se lutou por ela. A Natureza é fruto de muita luta em sua defesa, e não foi fácil a implantação da cultura do Neolítico com seu sedentarismo, deixando atrás a Ordem original ambientalista que determinava respeitar a Mãe Terra e manter a Natureza intocada. A Idade Média, tão criticada pela ordem burguesa atual, deu um basta ao antigo sistema romano de opressão e de exploração social, reentronizando devidamente o Espírito e a Natureza, tendo como coroação espiritual a mensagem de São Francisco de Assis.
O direito de matar, dentro de certas regras e sempre com testemunhas, tem sido respeitado através dos tempos. Tal como matar pela honra em duelos e justas, ou mesmo sob a lei de talião (de talidade ou de retaliação, visando a punição dentro das proporções), já presente no Código de Hamurábi.
A Justiça torna-se ineficaz dentro dos grandes sistemas sociais inchados, o que não justifica que as pessoas devam sair fazendo “justiça pelas próprias mãos”, mas sim que estes sistemas falidos devem ser destruídos ou abandonados para que a Justiça possa ser resgatada. Não se deve esquecer que o Deus que criou o mandamento de “Não Matar”, é o mesmo Deus libertador dos oprimidos, que também promulgava a guerra contra os infiéis e os recalcitrantes, sob a orientação agarthina de buscar a Terra Prometida.
Afinal, uma Terra Prometida nem sempre está livre como se deseja para implantar uma Nova Ordem, muitas vezes ainda existe ali resquícios de velhas coisas como ignorância e opressão, porém se trata de um território ainda possível de libertar porque a máquina do sistema ainda não impera ali a todo vapor, havendo mais velhos atavismos fragilmente aliados à máquina imperialista.
O direito à vida e à liberdade
Amiúde vemos pais dizerem que fariam tudo por seus filhos, até matar se necessário. Acaso Deus não teria o direito de fazer o mesmo em favor daqueles que considera seus filhos?
Os médicos prescrevem remédios que matam vírus e bactérias -o termo “antibiótico” traduz literalmente esse combate a seres vivos danosos. Pois a Terra e as nações-dharma são como o corpo e os membros de Deus.
Perseguições contra pragas são amiúde realizadas para proteger o ecossistema e, em especial, outras espécies consideradas mais nobres, especialmente o próprio ser humano. Para Deus, os pecadores convictos são exatamente como as pragas da Terra, pois devastam a Criação e oprimem as Criaturas.
Muitas nações do mundo, mesmo entre aquelas consideradas mais civilizadas, fazem uso da pena-de-morte, tornando a morte um direito do Estado e da nação. Outras nações não aceitam isto, mas na prática matam e oprimem cotidianamente seus próprios cidadãos.
A PAX capitalista é a “paz” dos cemitérios. A sociedade capitalista trata de manipular suas guerras com a habitual demagogia. Por detrás de sua pax alienada, está um estado-de-guerra endêmico através de opressão, chacina e depredação, visando manter a sua máquina mortal em atividade.
Tais coisas justificariam então as atitudes das religiões guerreiras? Dir-se-ia que apenas parcialmente, porque o tema está sujeito à distorção e ao fanatismo. Dentro da dinâmica das coisas, muitas destas religiões estão defasadas e já pouco correspondem ao seu período histórico. Contudo, as profecias também anunciam um tempo de batalhas pela redenção do planeta.
O grande diferencial que torna matar uma atitude legítima ou não, está na diferença entre a liberdade e a opressão. Há quem mate para oprimir, e há quem mate para se libertar. Mesmo Gandhi admitia a luta armada, caso o método pacífico não seja mesmo possível. Diferente de Barrabás, Jesus não propugnava a luta armada e até mandava dar a outra face e amar o inimigo; contudo, ele foi o primeiro a dizer que não veio para revogar a Lei Antiga (fundada no carma, por assim dizer), mas sim para completá-la através do espírito do amor e do perdão. E deixava claro que, por mais que se deva perdoar, tudo tem limites. Cada um colhe aquilo que semeia, o perdão é uma oportunidade para a renovação, sempre e quando saibamos aproveitar. Um perdão eterno seria sinônimo de suicídio. A Boa Justiça deve ser como os organismos vivos, moles por fora e duros por dentro.
Então pode surgir uma grande questão atual: num tempo tão perigoso como o nosso, com armamentos tão sofisticados, não será uma temeridade fomentar guerras? Certamente seria, porém se trata antes de promover a libertação, e sociedades realmente oprimidas raramente detém grandes armamentos, antes pelo contrário. A luta dos oprimidos se dá muito mais pela estratégia do que realmente no campo formal de batalha. E é aqui que entra então o espírito vitorioso de Shambhala, como fonte de táticas e estratégias tradicionais de libertação, provendo lutas de livramento e a busca por novos territórios de paz.
Luís A. W. Salvi é filósofo holístico e autor polígrafo com cerca de 140 obras, e na última década vem se dedicando especialmente à organização da "Sociologia do Novo Mundo" voltada para a construção sócio-cultural das Américas.
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