De porque o
Centro-Oeste representa uma Terra Prometida
para a nação represada no Sudeste
para a nação represada no Sudeste
Quando um rio encontra leito para correr, ele não deve ser
represado senão estaremos impedindo o fluxo da vida de seguir, e seguramente
nos arrependeremos logo adiante, quando o pequeno mundo que represamos artificialmente
deixar de comportar condições para a vida crescente.
O Brasil é como um rio que, desde a sua criação, vem
avançando sobre os seus vastos territórios, ao invés de permanecer estagnado
num único ponto inicial tendo o resto das terras como periferia. Daí a sua
vocação pacífica, fraternal e ecumênica, pese todos os percalços inerentes a um
quadro de surgimento civilizatório.
E a forma como este fluir se revela alcança a sua mais plena
oficialidade institucional. Trata-se da mudança das próprias Capitais Federais
a cada par-de-séculos, com funções que ultrapassam seguramente a simples
importância de “ocupar os territórios em nome da segurança nacional”, assim
como a exploração das novas terras pelos interesses capitalistas.
Na verdade, existe uma evolução social implícita neste
movimento, nestes termos:
a. NORDESTE : base do
proletariado
b. SUDESTE : base da burguesia
c. CENTRO-OESTE : base da
aristocracia *
d. NORTE : base da
espiritualidade
e. SUL : base de coordenação
final
Os ciclos das Capitais nacionais correspondem aos mesmos
ciclos das revoluções sociais (“desconstrutivas”) européias, que refluem mundo
afora especialmente a Ocidente. Porém existem algumas diferenças fundamentais,
mais ainda no caso do Brasil. A métrica é similar, mas não a direção (“construtiva”
em nosso caso) e sequer os momentos pontuais. Isto é bem como o curso da vida
que ascende na criança mas descende no adulto.
O Novo Mundo representa uma fundação nova com seus próprios
marcos espaço-temporais. A Descoberta das Américas (ou do Brasil), possui
significado bem maior para este Novo Mundo do que para a o Velho Mundo, por
mais que este seja protagonista –nem sempre bem quisto!- das transformações
ocorridas.
Podemos comparar isto à geração de uma criança. Os pais são
responsáveis por ela desde a fecundação, mas ela vai se tornando dada vez mais
independente. Ademais destes “empreendimentos” familiares serem coisas mais ou
menos corriqueiras para os pais, ao passo que para a criança representa “tudo”,
pela própria chegada à vida.
A atrofia sudestina
O fluxo das nossas Capitais Federais ainda segue
atualizado em tese, mas não exatamente a força do “rio” da civilização nacional,
represada indignamente a certa altura deixando à mingua a evolução das coisas,
levando a renovação senão ao estrangulamento, certamente a distorções
monstruosas.
A revolução capitalista de 64 ocorreu para deter o rio da
Nação que avançava para o seu interior, sinalizado pela criação da Nova
Capital, uma vez que atingindo os “abrigos seguros” agarthinos já nada mais
deteria a avanço do Brasil! Foi assim esta uma evidente medida periferista e um
golpe neo-colonialista.
Um dia a nova Terra Prometida será a Amazônia, mas é óbvio que
para isto a “lição de casa” do Centro-Oeste deveria ser realizada, através da
reeducação social, espiritual e ambientalista da sociedade nacional; sob pena
de termos apenas a pior das situações.
Infelizmente é justamente isto que acontece hoje, dada a atrofia
no ciclo capitalista da nação e seu caráter centralizador ou endoimperialista. As
movimentações rumo ao interior seguiram agonizantes, quase reduzidas meramente
à mística -hálito alado do momento suspenso pela foice do tempo, depois
pervertido de toda forma pela completa falta de objetivação-, e regadas à
corrupção e à exploração mais crua das terras e das gentes.
Embora não detenha mais a Capital física da nação, o poder
político permanece no Sudeste através do poderio econômico e social,
concentrando populações sobretudo do Nordeste, a fim de ter não apenas mão-de-obra
barata como também contar com capital humano localizado nas eleições.
O poderoso Sudeste capitalista trata o restante do país como
satélite, embora saiba manejar bem a região anteriormente organizada em termos
populacionais que é o Nordeste, oferecendo senão tanto o pão ao menos bastante
circo –coisa que não deixa de incluir certas encenações políticas.
As massas humanas excedentes no país –se realmente existem
tantas assim- deveriam estar sendo canalizadas para o Centro-Oeste, juntamente
com os investimentos econômicos através das mediações federais, democráticas e
republicanas.
Hoje existe no país uma divisão ideológica tácita -reflexo direto dos resultados das Guerras Mundiais do século passado- que passa ao largo da
percepção corrente, formada pelas antigas regiões de um lado e pelas novas
regiões de outro lado, mas onde o Sul se alinha com estas últimas porque ainda
não foi Sede Federal, pese haver influenciado na organização e no
amadurecimento do ciclo atual através do fomento da consciência nacionalista, e que resultou na criação de Brasília quando um político mais relacionado aos
interiores alcançou a presidência.
A loucura capitalista começa porém a cobrar um preço
estrutural no país, sob as mudanças climáticas fomentadas no mundo todo pela
cultura materialista, e aqui pela deterioração ambiental localizada nas cidades
imensas do Sudeste e no país pela degradação da Amazônia.
O esgotamento dos recursos ambientais do Sudeste coloca toda
a região em colapso. O Sul permanece
ambientalmente mais estável por contar com estruturas climáticas diversas,
ainda assim oferece condições limitadas, para além das migrações seletivas que
já ocorrem sobretudo por parte dos paulistas.
Se o próprio Centro-Oeste –que representa uma das grandes
regiões do país- estivesse mais organizado, poderia oferecer uma saída imediata
para estas populações em crise. Contudo, dificilmente o centro geográfico do
país aceitará migrações desordenadas, antes deverá negociar criteriosamente
investimentos de infra-estrutura e verdadeiro manejo de impacto ambiental.
É fato que, pese todas as distorções sofridas, o
Centro-Oeste já desponta como a meca dos empregos nacionais, e tal coisa deverá
se ampliar muito doravante –ainda que a região nem sempre comporte condições
para populações mais amplas e deva cuidar melhor dos seus recursos naturais, a
fim de não seguir rapidamente pelos mesmos descaminhos do Sudeste.
* Na falta de melhor palavra... A nobreza tradicional
envolve uma consciência social ampla e integradora, nacionalista enfim,
comportando dimensões guerreiras, políticas e filosóficas. Não confundir com as
castas atrofiadas medievais, ainda que a propaganda burguesa sempre exagere as
suas mazelas.
Para saber mais:
"De porque estamos perdendo o paraíso e o próprio planeta. As novas oportunidades que também surgem na crise”
Luís A. W. Salvi é escritor holístico, autor de cerca de 150 obras sobre a transição planetária.
Editorial Agartha: www.agartha.com.br
Contatos: webersalvi@yahoo.combr, Fone (51) 9861-5178
Participe dos debates em nossos facegrupos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário