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O MITO DO QUINTO IMPÉRIO

"Todos os reinos se unirão em um ceptro,
todas as cabeças obedecerão a uma suprema cabeça,
todas as coroas se rematarão em um só diadema,
e esta será a peanha da cruz de Cristo."

Padre António Vieira

Luis de Camões, Gonçalo A. Bandarra, Antonio Vieira, Fernando Pessoa... todos se uniram num trama temporal para inspirar a grande Lenda do Quinto Império, que em Portugal recebeu uma feição natural do seu caldeamento cultural.
Nascido em ano profético (1500, quando Portugal descobre o Brasil), Bandarra (um sapateiro, como Jacob Boehme) alimentará o sebastianismo nascente com a morte do rei português em terras africanas.

           
Bandarra (1500?-1556), Padre António Vieira (1608-1697) e Fernando Pessoa (1888-1935)


"Da esperança judaica do Messias, amalgamada com vaticínios trazidos de Espanha e resíduos do ciclo arturiano, conservadas na tradição popular, veio a brotar o sebastianismo". (Lúcio de Azevedo)
Vieira dará uma feição imperial ao tema, que encontra na Casa de Bragança o seu cumprimento final. Contudo, o período das Duas Coroas não foi infrutífero para Portugal –e sobretudo para o Brasil-, pois neste tempo sem regras este país pode ser expandido muitas vezes...

El-Rei Dom Sebastião
A idéia lusitana do “Quinto Império”, não deixa de ter relação com a “Idade Adamantina” de transição civilizatória que é o “Quinto Milênio” da Civilização, uma vez que cada milênio atende a uma dada nota na evolução do mundo. Num certo sentido, este quadro teria relação com o arianismo ou o germanismo, cujo ciclo de dominação cultural já se extinguiu, donde também o sentido da suástica - e há outros ainda mais nobres e antigos para explicar este importante símbolo. Abaixo, o símbolo “laubaru” encontrado na Europa, em especial no país basco, cuja língua segue um enigma ora os filólogos.

“Laubaru” solar no país basco
Portugal nasceu no começo do milênio se tornando a primeira nação constituída da Europa, e em poucos séculos já era um império, não por favores da Igreja, mas pelos vínculos de lealdade que tecera com os Templários, os quais auxiliaram a libertação das suas terras das mãos dos mouros, e depois receberam guarida sob a perseguição da igreja e do rei francês quando em conluio extinguiram a Ordem por cobiça dos seus tesouros, graças à sabedoria do rei-Poeta Dom Diniz e sua princesa Isabel, adeptos da filosofia do Espírito Santo, que depois Portugal exportaria para o Brasil.


Ora, a Lenda do Quinto Império nasce da Bíblia quando o profeta Daniel (Dn 2:37-44) interpreta o sonho de Nabucodonosor, que fala de cinco impérios relacionado às Idades Metálicas, e um quinto ao final, todavia dividido :“os seus pés em parte de ferro e em parte de barro” (Dn 2:33). Depois, ainda viria um império eterno. Hesíodo também falava de uma Quinta Idade da civilização, a idade “dos heróis”
A exegese bíblica recente tem dado esta interpretação ao tema: cabeça de ouro: Império Babilônico; peito e braços de prata: Reino Medo; ventre e coxas de bronze: Império Persa; pernas de ferro e pés de ferro/argila: Império Grego de Alexandre, depois dividido entre Ptolomeus e Selêucidas (Edição Pastoral da Bíblia) A pedra que vem tudo derrubar e permanecer seria o reino messiânico, porém também pode ser Roma, que depois vira cristã.
Na Doutrina das Idades, os Metais têm relação com os Milênios. Na acepção dada por Daniel, o rei babilônico encabeça o tema, mas isto soa muito mais a uma estratégia política do profeta. De todo modo, resultou numa visão pré-cristã destes impérios, encerrando com Roma.


Pessoa também questiona a interpretação corrente do tema que vê como “o Primeiro é o da Babilônia, o Segundo o Medo-Persa, o Terceiro o da Grécia e o Quarto o de Roma, ficando o Quinto, como sempre, duvidoso. Nesse esquema, porém, que é de impérios materiais, o último é plausivelmente entendido como sendo o Império de Inglaterra.” (textos transcritos por Antônio Quadros, em “Fernando Pessoa, Iniciação Global à Obra)
A estes Pessoas denomina de “Império materiais”, e logo apresenta a sua visão ocidental e “espiritual” do tema:
“Não é assim no esquema português. Esse, sendo espiritual, em vez de partir, como naquela tradição, do Império material de Babilônia, parte, antes, com a civilização que vivemos, do Império espiritual da Grécia, origem do que espiritualmente somos. E, sendo esse o Primeiro Império, o Segundo é o de Roma. O Terceiro o da Cristandade, e o Quarto o da Europa isto é, da Europa laica de depois da Renascença. Aqui o Quinto Império terá de ser outro que o inglês, porque terá de ser de outra ordem. Nós o atribuímos a Portugal, para quem o esperamos." (op. cit.) 


Chama a atenção aqui Pessoa considerar o conjunto da Europa um império, assim como dele ainda extrair Portugal. E opta então por começar na Grécia uma sequência de “impérios espirituais”, ocidentalizando a profecia.
No poema "O Quinto Império", resume sua ótica, ao afirmar: 


“Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?"


Na bandeira, alusão às terras do Império Português nos Cinco Continentes

Pessoa almejava um épico racial, e desejava encarnar este ideal mítico de um império universal. Para isto resgatou a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, dita pelo general romano Pompeu no século I a.C.,* para fazer uma apologia racial da vocação lusitana:

Quero para mim o espírito desta frase, transformada
A forma para a casar com o que eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
Tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso
Tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Azulejos portugueses
Contudo, vivemos hoje um novo tempo, nem resquícios existe da velha Era pese suas raças estarem fortes e ativas. O Cetro dos Tempos tem passado já para as Américas, seja no plano material (ao Norte) como no espiritual (ao Sul).
O império espiritual -português e não portugálio- entrevisto pelo gênio de Pessoa, ele virá com certeza, porque está “escrito nas estrelas”, está profetizado e se faz necessário, através da ascensão do sincretismo da Civilização Brasileira ao plano maior da Cultura Universal, e todos que pertencem ao esoterismo o sabem, ainda que não se conheciam bem as datas, que todavia começam a ser divulgadas: mais 500 anos faltam, todavia, para eclodir a Nova Civilização, todavia a sua semeadura “ativa” já começa daqui para frente, pois o Novo Pramantha -os signos e os cânones novos- já estão quase todos configurados.
Assim, para encerrar o tema, há sempre que atentar contra a sedução do pensamento imperialista, em sua apropriação por parte de mentes menos saudáveis. Valendo reforçar ademais que um processo de renovação tende a contar com o desserviço e a resistência das forças atávicas organizadas, com “tradição” (que em boa parte, é bem mais simples atavismo) e poder estabelecido (econômico, político e religioso). E esta resistência pode se estender em parte aos meios (pseudo) esotéricos, que supostamente deveriam fazer a tarefa da vanguarda no mundo, porém sabemos que as coisas não são tão simples e “preto-no-branco”...
Por outro lado, houve e segue havendo muitos trabalhadores advindos das raças anteriores que são fiéis à Lei e tem se esforçado para investir realmente no novo. Todo o ciclo das Descobertas européias tem sido em parte matizado por este espírito, tendo por detrás forças civilizadoras, especialmente no âmbito das Ordens religiosas. Mas mesmo muito antes deles, vieram “heróis civilizadores” do Oriente para as Américas e, mais recentemente, muitos viajantes e migrantes místicos têm feito a sua parte consciente na criação do Novo Mundo, para resultar na Suma Meta de manifestar o Loja Branca e o Governo Oculto do Mundo nestas terras predestinadas, alicerce sagrado para a nova raça mundial profetizada.

Como muitos já o têm anunciado, a nova raça virá e tem vindo através do sincretismo cultural e da miscigenação racial. Por isto encerramos a nossa matéria com esta mensagem de alento:

Enquanto uns tem um Passado a zelar,
outros tem um Futuro por descobrir,
Mas ninguém pode pretender abarcar a tudo,
porque seria negar o próprio sagrado Itinerár-IO
destinado a forjar a expansão da Luz Eterna.

Nunca duvidemos então a quem pertence o Futuro:
Ele pertence inequivocamente àqueles que o tem
semeado com o próprio suor, lágrimas e sangue;
pois estes colherão seguros o Amanhã
semeado na fibra imortal do amor à Terra.

Ó vivente, este mundo Uno necessita de paz!
Por isto é tão bem-vinda a miscigenação
O sincretismo e o ecumênico,
Abençoando os povos nascidos neste forja santa
Que será o berçário de um mundo emergente.

Tudo o que restou de áureos sonhos imperiais
Há de haver sido apenas o legado da Palavra
Expressão quiçá do Verbo ou do Logos,
Contudo, sabem os estudados deste mundo, que o
Vernáculo está condenado pela expansão dos tempos...

A única esperança para esta herança da raça
Nascerá naquele dia e momento em que a Língua
Revelar um Valor Maior, apurando até mesmo
as mais universais das urgências -aquelas do Espírito!-,
E isto ela já o tem feito, e cada vez mais
no Verbo que é Luz, Vida e Esperança
dando nascimento ao Império da Palavra.


* Cf. Rainer Sousa, http://www.brasilescola.com/curiosidades/navegar-preciso-viver-nao-preciso.htm

Ver também
A “Missão Y” Portugal-Brasil
Tradição e Mistério da Quinta Idade

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